A safra de trigo 2025 no Brasil deve enfrentar um inverno com temperaturas e chuvas dentro da média histórica na maior parte do país, mas com risco de menor acúmulo de horas de frio no Rio Grande do Sul, fator que pode impactar diretamente o desenvolvimento da cultura em fases cruciais como o florescimento e o enchimento dos grãos. Segundo análise da AtmosMarine, a previsão para os próximos meses indica um cenário típico da estação, mas com possíveis efeitos do desvio climático no extremo sul do país.
“O inverno é uma estação determinante para o desenvolvimento do trigo, especialmente na região Sul do Brasil, onde se concentram grandes produtores nacionais como Paraná e Rio Grande do Sul”, afirma Luiz do Carmo, gerente de Agrometeorologia e Sustentabilidade da AtmosMarine. Essa cultura, típica da estação fria, depende de condições climáticas específicas para expressar seu potencial produtivo, principalmente em termos de temperatura e precipitação. O frio moderado favorece o desenvolvimento vegetativo e a indução floral, mas extremos — como geadas intensas ou excesso de chuva — podem comprometer significativamente o rendimento da safra.
Neste ano, as previsões indicam que o El Niño permanece em fase neutra, sem influências diretas nas temperaturas do Pacífico Equatorial. No Paraná, as condições devem permanecer dentro da normalidade, com clima favorável à cultura. Já no Rio Grande do Sul, embora o cenário também siga o padrão do inverno, é esperada uma leve elevação nos volumes de chuva e nas temperaturas, o que pode impactar o acúmulo de frio necessário à vernalização, etapa essencial do ciclo da planta.
O Paraná apresenta um diferencial climático importante. As regiões Norte e Oeste, por serem mais quentes, favorecem a produção de trigos com maior força de glúten, conhecidos como “trigo pão” ou “trigo melhorador”, ideais para panificação. Já o Sul do estado, mais frio, cultiva variedades de menor força de glúten, como os “trigos brandos”, utilizados em massas, bolachas e pizzas. Essa diversidade amplia o leque de aplicações da produção paranaense, mas também exige atenção às variações climáticas locais.
“A possível redução nas horas de frio no Rio Grande do Sul pode afetar a uniformidade do florescimento e a qualidade dos grãos. Além disso, há risco de geadas pontuais durante as fases reprodutivas da planta, e a ocorrência de chuvas excessivas durante a floração ou colheita pode favorecer doenças fúngicas e comprometer a logística no campo”, completa Luiz.
Para lidar com esse cenário, a AtmosMarine aposta no uso de ferramentas de monitoramento e previsão agroclimática como forma de mitigar riscos e apoiar decisões no campo. “A SOPHIA, nosso sistema híbrido com inteligência artificial, combina simulações numéricas com redes neurais para oferecer previsões mais precisas. Por meio do sistema, é possível antecipar episódios de geada, excesso ou escassez hídrica e oscilações térmicas, contribuindo para o planejamento da semeadura, dos tratos culturais e da colheita.”, finaliza o especialista.
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