Um novo relatório emitido pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) traz otimismo na luta contra a poluição plástica. Conforme detalhado no documento intitulado “Erradicando a Poluição Plástica: Um Roteiro Global”, é factível reduzir a poluição plástica em até 80% até o ano de 2040, desde que sejam adotadas medidas práticas e acessíveis.
O relatório destaca que a eliminação de plásticos desnecessários, com ênfase especial na redução de embalagens excessivas, o estímulo à reutilização de materiais plásticos, a expansão das práticas de reciclagem e a substituição de plásticos por alternativas mais ecologicamente corretas podem resultar em uma significativa diminuição da poluição plástica.
Essas ações, impulsionadas por políticas governamentais e por reformas na indústria do plástico, têm o potencial de reduzir a poluição para cerca de 40 milhões de toneladas até 2040, em comparação com a estimativa de 227 milhões de toneladas caso nenhuma ação seja tomada. Além disso, essa redução terá o benefício adicional de prevenir danos avaliados em mais de US$ 3 trilhões, incluindo impactos na saúde pública, clima, qualidade do ar, ecossistemas marinhos e despesas legais associadas a litígios contra empresas do setor de plásticos.
O relatório enfatiza que a redução de 80% na poluição plástica teria um impacto significativo na diminuição das emissões de CO2, estimando uma redução de 500 milhões de toneladas anualmente, o que equivale às emissões anuais do Canadá. Adicionalmente, essas transformações podem levar a um aumento líquido de 700.000 empregos até o ano de 2040, principalmente em nações de baixa renda.
Atualmente, a produção anual de plásticos totaliza 430 milhões de toneladas, com a maior parte constituindo produtos de vida útil curta que são rapidamente descartados. Se as tendências atuais persistirem, prevê-se que a produção de plástico triplique até o ano de 2060. No entanto, um marco histórico foi alcançado em março de 2022, quando 193 países concordaram em eliminar a poluição plástica por meio de um tratado significativo. As negociações para um acordo legalmente vinculante estão em andamento, e o PNUMA está coordenando a segunda rodada de discussões a partir de 29 de maio, com o objetivo de finalizar o acordo até 2024.
A diretora-executiva do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), Inger Andersen, sublinhou a urgência das transformações necessárias, enfatizando que a maneira como produzimos, utilizamos e descartamos plásticos está causando sérios danos aos ecossistemas, à saúde humana e ao clima. Ela destacou que a mudança em direção a um modelo circular, que evite que os plásticos entrem nos ecossistemas e na economia, não apenas mitigaria esses riscos, mas também traria benefícios econômicos e sociais.
O relatório também ressalta a importância do aumento da reutilização de plásticos, a implementação de sistemas de logística reversa, a tributação do plástico virgem e a eliminação de subsídios aos combustíveis fósseis para tornar a reciclagem mais economicamente atrativa. Além disso, diretrizes de embalagem para aumentar a reciclabilidade dos produtos e a substituição de recipientes de alimentos por materiais alternativos, como papel ou compostáveis, são igualmente recomendadas.
Embora o investimento necessário para efetuar essas mudanças seja substancial, estimado em US$ 65 bilhões por ano, isso representa apenas metade do valor já investido pela indústria do plástico. O PNUMA acredita que o relatório servirá como um guia informativo para os países que estão negociando o tratado global sobre plásticos, apresentando as opções disponíveis.
Com determinação e colaboração de diversos setores e regiões, a redução da poluição plástica até 2040 pode se tornar uma meta alcançável. A conscientização e ação coletiva são fundamentais para enfrentar esse desafio global e preservar nosso meio ambiente para as gerações futuras.